Que tal ganhar até 30% a mais do que a poupança, sem precisar correr risco?
28 Mai 2018 - 18:10
A queda da Selic reduziu o ganho nominal das aplicações de renda fixa nos últimos meses. A taxa básica de juros recuou de 14,25% em outubro de 2016 para 6,5% nesta semana.
Mesmo assim, ainda há opções de investimento que rendem mais do que a poupança e são ideais para investidores com perfil conservador, ou seja, que não estão dispostos a correr riscos.
"Há CDBs de bancos médios, por exemplo, que rendem quase 30% a mais do que a poupança para aplicações de apenas um ano, já descontado o Imposto de Renda", afirma Roberto Indech, analista de investimentos da corretora Rico.
Entenda a seguir o que mudou na poupança com a queda dos juros e conheça algumas alternativas de investimento conservadoras mais rentáveis.
Regra da poupança muda quando Selic cai abaixo de 8,5% Desde 2012, toda vez que o juro básico fica abaixo de 8,5% ao ano, o rendimento da poupança deixa de ser igual à Taxa Referencial (TR) mais juros de 6% ao ano e passa a ser equivalente a 70% da taxa Selic. Apenas aplicações feitas na caderneta antes de 3 de maio de 2012 é que continuam rendendo com base na antiga regra.
"Algumas pessoas podem ter a falsa impressão de que a poupança ficou vantajosa com a queda dos juros. Mas elas se esquecem de que a regra da caderneta muda quando a Selic cai abaixo de 8,5%", lembra Sandra Blanco, especialista da plataforma de investimentos Órama.
Com a Selic atual, de 6,5% ao ano, o rendimento da caderneta equivale a 4,5% ao ano. Segundo Sandra Blanco, qualquer investimento que ofereça taxa bruta superior a 95% do CDI (equivalente a cerca de 6% ao ano) já será melhor do que a poupança, independentemente do prazo da aplicação.
Mesmo pagando Imposto de Renda ainda vale a pena "Mesmo considerando a alíquota de Imposto de Renda mais alta, para quem saca antes de seis meses, um CDB que rende acima de 95% do CDI já bate a poupança", afirma a especialista. CDBs, RDBs, fundos de investimento e outras aplicações de renda fixa estão sujeitas à tabela regressiva de IR. O imposto é cobrado sobre rendimento, na seguinte proporção:
Imposto de 22,5%: saques até seis meses
Imposto de 20%: saques entre seis meses e um ano
Imposto de 17,5%: saques entre um e dois anos
Imposto de 15%: saques acima de dois anos
A poupança e as aplicações em LCI e LCA são isentas de IR.
CDBs de bancos médios rendem mais e têm garantia Quem busca rendimentos superiores à poupança deve fugir dos produtos oferecidos pelos grandes bancos. As melhores opções estão nas plataformas de investimento das corretoras e nos sites de bancos médios, que oferecem títulos de renda fixa, como CDBs, RDBs, LCIs e LCAs, com taxas a partir de 95% do CDI.
Embora sejam menos conhecidas, essas instituições contam com a proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que garante o ressarcimento de até R$ 250 mil aplicado no mesmo banco, ou de até R$ 1 milhão em bancos diferentes, caso as instituições quebrem.
"O investidor pode aplicar tranquilamente em títulos de bancos médios porque o investimento está protegido pelo FGC. Não há risco de perder o dinheiro, desde que seja respeitado o limite de aplicação", diz Roberto Indech, da Rico. Cuidado: maioria tem data certa para sacar Os CDBs e os RDBs estão sujeitos à retenção de IR e, por isso, normalmente pagam taxas maiores, para compensar o desconto do imposto. Já as LCIs e LCAs são isentas, assim como a poupança. Além de prestar atenção à cobrança de IR, o investidor também deve olhar o prazo de vencimento dos títulos.
A maioria deles só permite resgatar o investimento na data de vencimento. Mas alguns bancos também oferecem CDBs com liquidez diária, ou seja, que permitem saques a qualquer momento.
"CDB com liquidez diária é ideal para quem quer formar uma reserva de emergência ou para guardar o valor das despesas do mês, sem precisar deixar o dinheiro parado na conta corrente", explica Leo Cherman, executivo-chefe do Sofisa Direto, que permite aplicações em CDBs a partir de R$ 1.
Quem deixa mais tempo aplicado ganha mais O investidor que puder manter o dinheiro aplicado por mais tempo, até a data de vencimento do título, conseguirá uma remuneração maior. Há papéis com prazos variados, desde um mês até cinco anos ou mais.
Segundo Sandra Blanco, na plataforma da Órama, é possível encontrar hoje CDBs com vencimento em dois anos que pagam o equivalente a 120% do CDI (7,6% ao ano). "É um título que rende 30% a mais do que a poupança, já descontado o Imposto de Renda."
Atenção com papéis influenciados pela eleição Ela destaca que também há boas oportunidades em títulos prefixados com prazos mais longos. "Temos CDBs que estão pagando juros brutos (sem considerar a cobrança de IR) de quase 12% ao ano, com vencimento daqui a cinco anos." Porém, a especialista lembra que papéis prefixados podem ser um pouco mais arriscados neste momento. "Estamos às vésperas das eleições. Ainda não sabemos qual será o próximo governo, se vai mexer na economia. Mesmo assim, é pouco provável que a Selic volte a subir tanto, ou que a inflação dispare, a ponto de essa aplicação prefixada deixar de ser vantajosa."
Fundos de renda fixa: cuidado com as taxas Outra opção melhor do que a poupança e com baixíssimo risco são os fundos de investimento em renda fixa. O rendimento dessas aplicações acompanha de perto os títulos públicos do tipo Tesouro Selic (antiga LFT) que, por sua vez, seguem a taxa Selic vigente.
O único cuidado que o investidor precisa tomar é em relação à taxa de administração. Procure fundos que cobrem até 0,5% ao ano. Quanto menor for a taxa, melhor. Caso contrário, ela irá corroer o rendimento da aplicação.
"Um fundo que cobre 0,2% de taxa de administração renderá o equivalente a 96% do CDI. Para se ter uma ideia, esse fundo chega a ser melhor do que investir no Tesouro Direto", diz Sandra Blanco.
"Para comprar o mesmo título do fundo (Tesouro Selic), o investidor pagará 0,3% de custódia no Tesouro Direto, fora a taxa de corretagem, que pode variar de zero a 0,5%. No fim das contas, o título comprado diretamente no Tesouro renderá no máximo 95% do CDI", afirma. O cálculo aqui não inclui o pagamento de IR.
Nos grandes bancos, taxas são mais altas Em geral, fundos com taxas de administração mais baixas estão disponíveis apenas em plataformas de investimento de corretoras. Nos grandes bancos, os fundos costumam cobrar taxas acima de 1%, o que torna essas aplicações piores do que a poupança. A maioria dos fundos oferece liquidez diária, ou seja, permite saques a qualquer momento para pagar as despesas do dia a dia. Assim como nos CDBs, quanto mais tempo o dinheiro ficar aplicado no fundo, menor será a alíquota de IR sobre o rendimento na hora do saque.
Resgates feitos menos de 30 dias após a aplicação estão sujeitos à cobrança do IOF. Quanto menor o tempo aplicado, maior a alíquota desse imposto. Portanto, programe-se para deixar o dinheiro investido no mínimo 30 dias para fugir do IOF.
Especialistas sugerem ter investimentos mais arriscados Os juros baixos vieram para ficar. Esqueça os ganhos fáceis de 1% ao mês, ou 12% ao ano. Quem quiser alcançar taxas de rendimento nominal acima de dois dígitos terá necessariamente que buscar aplicações de maior risco, avaliam os especialistas.
"Estamos vivendo um momento de taxas de juros baixas, de forma bastante consistente, e compatível com a queda da inflação. Em meus 30 anos de atuação no mercado, não me lembro de ter visto juros tão baixos no Brasil", afirma Alberto Alves, superintendente financeiro do Banco Ourinvest.
"Os juros baixos vieram para ficar. Por isso, o caminho agora é diversificar, destinando uma parcela do patrimônio para investimentos que oferecem maior retorno, mas que também apresentam riscos, podendo levar o investidor a acumular perdas em alguns momentos", explica Roberto Indech, da corretora Rico.
Antes de se aventurar, precisa estudar os investimentos "Não é à toa que a Bovespa subiu 11% em janeiro. Com os juros baixos, o investidor terá que aplicar uma parte do dinheiro na Bolsa ou em outros investimentos que rendam acima da Selic", diz Alves. Antes de se aventurar em ações ou outros produtos, o investidor deve pesquisar e estudar bastante a respeito. "É preciso entender como funciona o mercado financeiro. O investidor conservador, que estava acostumado apenas à poupança ou a fundos de renda fixa, vai ter que sofrer uma mudança cultural", afirma Indech.
Não tem tempo ou paciência para investir? Para quem não tem tempo ou paciência, uma boa alternativa são os fundos multimercados, que aplicam em vários tipos de ativo ao mesmo tempo (títulos públicos e privados, ações, moedas estrangeiras) e contam com um profissional responsável pela gestão.
Leia o resumo de divulgação do fundo, que traz informações sobre a estratégia de investimento, e veja se a rentabilidade ao longo dos últimos anos é compatível com os ativos investidos e com o nível de risco.
Aplicar em shoppings e prédios de escritório? Outra opção interessante são os fundos imobiliários, que investem em grandes empreendimentos como shoppings, galpões de armazenagem e condomínios de escritórios. Parte do rendimento é proveniente do aluguel pago por lojas, indústrias e demais inquilinos desses imóveis.
O investidor também pode obter ganhos com a valorização das cotas desses fundos no mercado, de forma semelhante às ações. "Vale a pena gastar um tempo para aprender como funciona. Há bons fundos, com baixo risco e retorno atraente", declara Alves, do Ourinvest.
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