A troca de uma dívida em um banco por outra em um banco diferente (a portabilidade) quase dobrou em 2017. Foram 2,1 milhões de pedidos de mudança, uma alta de 93,7% na comparação com 2016.
Em volume, a portabilidade mais do que dobrou: R$ 16,9 bilhões, crescimento de de 122,2% em relação a 2016. Os dados constam do Relatório de Economia Bancária divulgado nesta terça-feira (12) pelo Banco Central.
A portabilidade permite que os clientes negociem taxas e solicitem a transferência de suas operações de crédito, como empréstimos e financiamento, de um banco para outro.
BC diz que dívidas maiores e juros menores podem ser causa
A causa provável dessa explosão é que as pessoas não estão conseguindo pagar suas dívidas crescentes com cartão de crédito, carnês de lojas e financiamento de veículos. Apesar de continuarem altos, os juros também foram reduzidos em relação aos empréstimos originais que as pessoas tomaram tempos atrás. Assim, puderam renegociar os pagamentos.
"Pode ser que um nível de endividamento alto seja um incentivo para as pessoas procurarem alternativas melhores. O ganho com a taxa de juros mais baixa passa aumenta na medida em que a dívida é maior", disse o diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Viana.
Independentemente do motivo que leve as pessoas a levar seus contratos de crédito para outros bancos, o diretor afirmou que o Banco Central enxerga o movimento positivamente.
"Se o cliente levou o seu crédito para outra instituição financeira, espera-se que ele conseguiu condições melhores nessa outra instituição", afirmou.
Para ele, a alta nos pedidos tem relação com as taxas de juros mais baixas e com a recuperação da economia. "Com juros mais baixos, o mercado abre espaço para que as pessoas busquem alternativas mais baratas."
Maioria dos pedidos é para migração do crédito consignado
Segundo o Banco Central, a principal modalidade em que houve portabilidade foi a do crédito consignado. Ao todo, o crédito consignado, com desconto em folha de pagamento, respondeu por 99,9% do total de pedidos de portabilidade e por 99,5% do valor transferido entre as instituições no ano passado.
Na avaliação do Banco Central, por não ser vinculado a um bem, no processo conhecido como alienação, o crédito consignado apresenta maior facilidade para as operações de portabilidade.
Brasileiros estão pendurados no cartão de crédito
Pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC) mostra que o percentual de famílias com dívidas caiu de 60,7% em maio de 2017 para os atuais 59,1%. Entre as contas a serem pagas, estão as com cheque pré-datado, cartão de crédito, carnê de loja, empréstimo pessoal e prestação de carro.
De acordo com a CNC, o cartão de crédito continua sendo a principal dívida dos brasileiros, abrangendo 75,7% das famílias endividadas. Em seguida, vêm os carnês (16,3%) e o financiamento de carros (11,1%).
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